Oficina de Sentidos

Ética e Perversão Quando a Literatura Perde a Palavra
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domingo, 31 de agosto de 2008

AUTOPSICOGRAFIA (Oficina de Sentidos)


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa - 1/4/1931

A Mulher do Próximo (Oficina de Sentidos)


Motivo (Oficina de Sentidos)


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Oficina de Sentidos - Contos da Meia Noite - Apólogo brasileiro

De tudo ficaram três coisas. (Oficina de Sentidos)


"De tudo ficaram três coisas:
a certeza de que estamos sempre a começar,
a certeza de que é preciso continuar,
e a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto, devemos:
fazer da interrupção um caminho novo,
da queda, um passo de dança,
do medo, uma escada,
do sonho, uma ponte,
da procura, um encontro." - Fernando Sabino



"CRUEL" - Deborah Colker 2008 (Oficina de sentidos)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Aprender a Morrer

(...) Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade; quem aprendeu a morrer, desaprendeu a servir; nenhum mal atingirá quem na existência compreendeu que a privação da vida não é um mal; Saber morrer nos exime de toda sujeição e coação. (...)


Merleau-Ponty



domingo, 3 de agosto de 2008

Vídeos do Oficina de Sentidos (Dois Corpos que Caem)


Não tenho medo do absurdo! Sou cortez; de fato!
Assim como me convém ironia em ato, não me adapto!
Amante das coisas fúgidas e absurdas, sobrevivo intacto!
Me protejo com minha ausência, Sou cortez; de fato!

Anderson Pereira

A Caolha (Canal Oficina de Sentidos)