Oficina de Sentidos

Ética e Perversão Quando a Literatura Perde a Palavra
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Buraco Negro (Oficina de Sentidos)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A Verdade Dividida (Oficinadesentidos)


A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 19 de outubro de 2008

(Jay Vaquer - Cotidiano de um Casal Feliz) Por oficinadesentidos


POST-MODERNUS (Oficinadesentidos)


O que dizer daquilo que ousamos chamar

de pós modernidade? a era da ambiguidade?
tempos de uma liquidez incomum,

típica de uma época incerta.
Toda certeza é efemeridade de um talvez não resolvido.

Anderson Pereira



domingo, 12 de outubro de 2008

Reflexos de Incerteza (Anderson Pereira)


Não passam de traidoras as nossas dúvidas,
que às vezes nos privam do que seria nosso
se não tivéssemos o receio de tentar

William Shakespeare

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

TRADUZIR-SE ( Oficinadesentidos)


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Oficina de Sentidos - Contos da Meia Noite

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Cartas de Amor ( Oficina de Sentidos)


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor
Se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu
Tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor,
Se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca
Escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas...

Álvaro de Campos ( heterônimo de Fernando Pessoa ) - 21/10/1935

Oficina de Sentidos - Contos da Meia Noite - A cabeça

domingo, 31 de agosto de 2008

AUTOPSICOGRAFIA (Oficina de Sentidos)


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa - 1/4/1931

A Mulher do Próximo (Oficina de Sentidos)


Motivo (Oficina de Sentidos)


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Oficina de Sentidos - Contos da Meia Noite - Apólogo brasileiro

De tudo ficaram três coisas. (Oficina de Sentidos)


"De tudo ficaram três coisas:
a certeza de que estamos sempre a começar,
a certeza de que é preciso continuar,
e a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto, devemos:
fazer da interrupção um caminho novo,
da queda, um passo de dança,
do medo, uma escada,
do sonho, uma ponte,
da procura, um encontro." - Fernando Sabino



"CRUEL" - Deborah Colker 2008 (Oficina de sentidos)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Aprender a Morrer

(...) Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade; quem aprendeu a morrer, desaprendeu a servir; nenhum mal atingirá quem na existência compreendeu que a privação da vida não é um mal; Saber morrer nos exime de toda sujeição e coação. (...)


Merleau-Ponty



domingo, 3 de agosto de 2008

Vídeos do Oficina de Sentidos (Dois Corpos que Caem)


Não tenho medo do absurdo! Sou cortez; de fato!
Assim como me convém ironia em ato, não me adapto!
Amante das coisas fúgidas e absurdas, sobrevivo intacto!
Me protejo com minha ausência, Sou cortez; de fato!

Anderson Pereira

domingo, 8 de junho de 2008

Corpo


Quando o corpo entende o ritmo da vida
Pode não seguí-lo no mesmo tom, antes escrito
O corpo pode seguir as inverdades dos ritmos
Mas o caminho d’alma nunca segue as mentiras
Assim o real de qualquer coisa está escrito...
Então... Deixe acontecer

(Rami Ali Chehade)

Elogio


“A poesia esta guardada nas palavras é tudo que eu sei”,
Meu fado é não entender quase tudo,
Sobre o nada eu tenho profundidade,
Eu não cultivo conexões com o real.
Para mim poderoso não é aquele que descobre o ouro.
Poderoso para mim é aquele que descobre
As insignificâncias do mundo e as nossas
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil!
Fiquei emocionado e chorei, sou fraco para elogios.

Causa Ridícula

(...) Agradeço essa injustiça,
essa afronta que me despertou,
e cuja sensação viva lançou-me
para longe de sua causa ridícula,


Dando-me também tamanha força e tamanho
gosto por meu pensamento que, por fim,
meus trabalhos tiveram o benefício de minha
cólera; a busca de minhas leis tirou
proveito do incidente

Agradeço essa injustiça,
essa afronta que me despertou,
e cuja sensação viva lançou-me
para longe de sua causa ridícula(...)

P. Valéry

domingo, 16 de março de 2008

Sujeito ou sujeição ?

sábado, 15 de março de 2008

Até onde podemos ir ??


A boca que não se cala


"Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida"

sexta-feira, 14 de março de 2008

A Máscara e a Face

"Viver é também existir em desacordo com a "realidade", deslocamentos subjetivos sutis e sorrateiros constantemente me assediam.
Talvez por isso considere a vida enquanto ato criativo, pura potência, criação, mutabilidade perpétua, actus ad ifinitum”.
Assim, o mundo que eu considerava como posto não chega sequer a se sustentar como uma representação daquilo que supunha existir; é nisso que minha cultura me prostitui, me corrompe e me seduz com necessidades que não necessito.

Anderson Pereira
Sono - 1937
O homem adormecido de Dalí - ou a personificação do sono - está adequadamente e é necessária uma quantidade extraordinária de muletas para apoiar a cabeça e posicionar exatamente cada um dos traços. Muletas sempre foram a marca registrada de Dalí, sugerindo a fragilidade das escoras em que a "realidade" se apóia, mas aqui nada parece inerentemente estável, e até o cachorro precisa ser sustentado! (Nathaniel Harris em Vida e Obra de Dalí)

Torna-te o Que És e Deixará de Ser o Mesmo

O MAL-ESTAR
NA CIVILIZAÇÃO


É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação — isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida.

No entanto, ao formular qualquer juízo geral desse tipo, corremos o risco de esquecer quão variados são o mundo humano e sua vida mental. Existem certos homens que não contam com a admiração de seus contemporâneos, embora a grandeza deles repouse em atributos e realizações completamente estranhos aos objetivos e aos ideais da multidão(...)

Sigmund Freud

PHATOS, FOBOS E FILIA.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A Caolha (Canal Oficina de Sentidos)